Em seu artigo deste mês, Lucas Queiroz, chefe de Pesquisa em Renda Fixa no Itaú BBA, traz análises relevantes sobre a saúde financeira das companhias – e como isso pode impactar os investimentos.
Olá.
Você já deve ter notado que o cenário econômico está mais desafiador, com taxas de juros altas e inflação persistente. Mas calma: isso não significa que o mercado de investimentos ficou mais difícil. Pelo contrário: entender as tendências atuais pode ser a chave para tomar decisões mais inteligentes.
Afinal, este cenário reflete diretamente na situação de crédito das empresas que emitem títulos e valores mobiliários para você investir – e, consequentemente, na saúde financeira e sustentabilidade como um todo dessas companhias.
Por isso, vamos falar no artigo deste mês da coluna Renda Fixa em Foco sobre os principais pontos a observar em 2025 nesse aspecto e como eles podem impactar seus investimentos.
1. Menos dívida, mais oportunidade: como as empresas estão reduzindo a alavancagem
Com os juros mais altos, a alavancagem (relação entre a dívida das empresas e sua geração de caixa) das companhias se tornou um dos principais pontos de atenção. Em 2024, muitas empresas conseguiram reduzir sua dívida, focando em aumentar a liquidez e melhorar suas métricas financeiras. Esse movimento de desalavancagem continuará em 2025, já que empresas querem evitar o peso de uma dívida mais cara. Isso significa mais segurança financeira e menos risco para quem está investindo.
O controle de alavancagem segue, então, como uma das principais preocupações, sendo particularmente relevante para setores que enfrentam grande nível de investimentos e pressão nos custos, como as concessões rodoviárias e o setor de logística, que ainda estão com alavancagem relativamente elevada, mas com boas perspectivas de melhora.
2. Investimentos mais selecionados: a prioridade está em ser mais eficiente
Com o cenário de juros elevados, as empresas estão sendo mais criteriosas em seus investimentos. Não é mais hora de fazer grandes expansões a qualquer custo. Projetos mais seletivos, que tragam maior retorno financeiro, estão ganhando destaque. A ideia é garantir eficiência e controle sobre os investimentos feitos, evitando excessos que possam comprometer a saúde financeira das companhias.
Setores como varejo e concessões rodoviárias, por exemplo, que costumam ser mais impactados pelas flutuações da economia, estão focados em manter o crescimento sem assumir riscos financeiros excessivos. A gestão eficiente dos investimentos será um ponto fundamental para essas empresas em 2025.
3. Margens sólidas: como algumas empresas estão mantendo o lucro mesmo em tempos difíceis
A margem EBITDA (indicador que mostra a rentabilidade operacional das empresas) é um dos principais termômetros de saúde financeira de uma companhia. Mesmo em um cenário desafiador, empresas de setores como energia elétrica, saúde e educação conseguiram preservar suas margens. Como? Garantindo fluxos de caixa previsíveis, que são menos impactados por flutuações econômicas.
Esses setores tendem a ser mais resilientes em tempos de alta de juros, porque seus modelos de negócio são mais estáveis e previsíveis. Empresas com margens saudáveis serão mais capazes de navegar por 2025 sem perder a rentabilidade, e isso cria oportunidades para investidores que buscam menor risco.
4. Setores cíclicos: o impacto de um crescimento econômico mais lento
A economia ainda não desacelerou, mas espera-se que isso aconteça a partir do segundo semestre de 2025. Isso pode afetar mais intensamente os setores cíclicos, como varejo, imobiliário e construção. No entanto, vale destacar que, dentro desses setores, as dinâmicas são muito heterogêneas.
Por exemplo: o setor de shoppings, apesar de desafios econômicos pontuais, manteve uma boa recuperação do consumo e continua com fluxos de caixa relativamente estáveis. Já o varejo viu uma performance mais desigual, com algumas empresas mais focadas no varejo de alto luxo se saindo melhor, enquanto as de bens de consumo enfrentaram maior pressão com o aumento de juros.
No setor imobiliário, algumas empresas mantiveram bons resultados com a venda de imóveis de alto padrão, enquanto o setor de construção lidou com desafios de custos elevados e prazos de entrega mais longos.
A adaptação a essa desaceleração será chave para as empresas desses setores em 2025.
5. O impacto da concorrência externa e da volatilidade de preços
Alguns setores seguem expostos à concorrência externa e à volatilidade de preços, especialmente siderurgia e distribuidores de combustíveis. O aço chinês continua sendo uma pressão constante sobre as siderúrgicas, impactando suas margens e tornando a gestão de custos uma prioridade. Já as distribuidoras de combustíveis, com custos de importação elevados, também enfrentam dificuldades em manter as margens diante da flutuação do preço do petróleo.
A gestão de alavancagem e a eficiência operacional serão fundamentais para essas empresas em 2025, à medida que ajustam suas estratégias para enfrentar a volatilidade de preços e a concorrência externa.
Conclusão: aproveite as oportunidades e entenda os riscos
Em 2025, as principais tendências serão a redução da alavancagem, a eficiência nos investimentos e a manutenção das margens. Setores mais resilientes, como energia elétrica, shoppings e saúde, devem se beneficiar de sua previsibilidade operacional, enquanto setores mais cíclicos, como varejo e imobiliário, precisarão focar na adaptação ao crescimento mais lento. Empresas que enfrentam concorrência externa, como siderurgia e distribuidoras de combustíveis, terão que ajustar sua operação para continuar competitivas.
Se você está buscando oportunidades inteligentes no mercado, o segredo será observar as empresas com bons controles de alavancagem e eficiência operacional. Aproveitar essas tendências pode ser a chave para um futuro financeiro mais seguro e rentável.
Se você quer se aprofundar ainda mais na situação de crédito e no que esperar em 2025 para diferentes setores e empresas específicas, confira este relatório completo.
Até o próximo artigo.
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